Nos últimos anos que precederam o século XX, surgiu, em meio às incertezas e inquietações frente à novidade da República, o que viria a ser o divisor de águas na trajetória literária de um autor que, até então, havia focado sua intensa produção nos cenários urbanos.
As questões advindas do recém obliterado regime escravagista ainda fervilhavam nas esferas da vida social e, sobretudo na literatura, onde encontrou guarida para suscitar discussões e apontamentos diante do cenário que se desenhava.
Foi nesse contexto que Sertão (1897), de Coelho Neto, inaugura sua fase regionalista e expõe uma faceta do autor mais voltada para as preocupações sociais de sua época.
Severamente atacado pelos modernistas pelo seu estilo repleto de preciosismos da linguagem, o escritor deixou uma marca indelével com uma obra que traduz, possivelmente, as suas qualidades mais evidentes: a imaginação criativa e a capacidade de traduzir seus enredos inusitados em descrições meticulosas.
Ainda assim, a tão notada habilidade de Coelho Neto ao manejar as palavras não parece ter sido o bastante para assegurar o devido reconhecimento de sua obra. A produção netiana encontra-se recentemente restrita apenas a alguns círculos literários, não havendo recebido a merecida atenção no decurso do tempo.
A popularidade da qual usufruiu nos primeiros tempos não
perdurou, em grande parte, senão principalmente, por questões ligadas ao cânone.
Em consequência, as posteriores edições de muitas de suas produções, como é o
caso do Sertão, não ultrapassaram a primeira metade do século XX.
Nessa perspectiva, o presente trabalho busca propiciar a revitalização da coletânea de
contos Sertão, por meio da reedição da obra, conforme as normas vigentes do Novo Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa, constituindo-se no produto educacional aplicado.
O estudo crítico sobre Coelho Neto, aqui apresentado possui o intento de
divulgar a vasta produção artística do escritor.
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