sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Hora do almoço com Nietzsche



Hora do almoço.
O sol brilha, a barriga está cheia, resolvo caminhar.
Quando dou por conta, estou em frente ao Sebo onde vejo livros em promoção.
Vasculho as antiguidades, encontro um livro do Euclides da Cunha, um do Monteiro Lobato e outro de psicologia.
Continuo vasculhando o balaio e encontro EcceHomo, do Nietzsche.

Friedrich Nietzsche


Lembro-me de sua espetacular obra magna Assim Falou Zaratustra e, então, resolvo dar uma bicada no livro.
Ao acaso, leio este trecho:

Importa aqui fazer uma grande reflexão. Perguntar-me-ão porque é que contei todas estas coisas pequenas e, segundo o juízo tradicional, indiferentes; causarei assim dano a mim próprio, e tanto mais quando estou destinado a representar grandes missões.

Resposta: estas pequenas coisas – alimentação, lugar, clima, recreação, toda a casuística do egoísmo – são muito mais importantes do que tudo quanto se concebeu e, até agora, se considerou importante.

É aqui justamente que importa começar, aprender de novo.

O que a humanidade até agora teve em séria consideração não são sequer realidades, são simples imaginações; em termos mais estritos, mentiras provenientes dos instintos maus de naturezas doentes, perniciosas no sentido mais profundo – todos os conceitos de «Deus», «alma», «virtude», «pecado», «além», «verdade», «vida eterna»...

Mas foi neles que se procurou a grandeza da natureza humana, a sua «divindade»...

Todas as questões da política, da organização social, da educação, foram de cima ao fundo totalmente falsificadas, porque se tomaram como grandes homens os homens mais perniciosos – porque se ensinou a desprezar as coisas «pequenas», ou seja, as preocupações fundamentais da vida... A nossa cultura hodierna é ambígua em sumo grau...

Fico pensando nos tormentos que Nietzsche sofreu por ter tido a coragem, naquela época dominada pelos dogmas religiosos, de escrever isso, quando hoje vemos que as pessoas, num mundo dominado pela tecnologia, não têm coragem de dizer o que é, simplesmente, a realidade da vida.

Bem, parece claro por que Nietzsche, diferentemente dos alienados de hoje, sempre será lembrado!

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