domingo, 25 de setembro de 2016

A lei do triunfo

Henry Ford teve muito pouco tempo de estudo, entretanto foi um dos homens mais "bem-educados" do mundo, porque adquiriu a habilidade de combinar as leis econômicas com as leis naturais, alcançando assim o poder que lhe permitiu tirar o que precisava do material da natureza. Durante a Guerra Mundial, Ford moveu uma ação contra o jornal Chicago Tribune, acusando-o de haver publicado um artigo com alusões ofensivas à sua pessoa, uma das quais dizia que ele era um pacifista ignorante etc.
Quando a ação chegou ao tribunal, os advogados do Tribune pretenderam provar por meio do próprio Ford o que havia sido escrito contra ele. Ford foi obrigado a apresentar-se no tribunal. Os advogados disseram que ele realmente era um ignorante, e com esse objetivo o interrogaram sobre todos os assuntos.
Uma das perguntas formuladas pelos advogados foi a seguinte:
— Quantos soldados a Inglaterra mandou para vencer a rebelião das Colônias, em 1776?
Com ar de desprezo, sem se alterar, Ford respondeu:
— Não sei exatamente o número enviado, mas ouvi dizer que foi enviado um número muito maior do que o dos que voltaram.
Uma gargalhada geral contagiou o juiz, o júri, os espectadores e até mesmo o advogado frustrado.
A série de perguntas prosseguiu por uma hora ou mais, e Ford manteve-se perfeitamente calmo durante todo o tempo. Finalmente, cansado das brincadeiras dos "astutos" advogados, a uma pergunta particularmente insultuosa Ford levantou-se e, apontando com o dedo para o advogado que o interrogava, replicou:
— Se eu pretendesse responder à pergunta idiota que o senhor acaba de fazer, ou a qualquer outra das que já fizeram, permitam-me lembrar-lhes que sobre a minha mesa de trabalho tenho uma série de botões elétricos, e, colocando um dedo sobre um determinado botão, chamaria homens que poderiam me dar uma resposta correta a todas as perguntas que me foram feitas, e a todas que os senhores não têm inteligência para formular, nem teriam para responder. Agora, tenham a bondade de me dizer: por que eu iria encher minha cabeça com uma série de detalhes inúteis a fim de responder a todas as perguntas idiotas que me fizerem, quando tenho em torno de mim homens capazes, que podem me apresentar todos os fatos de que necessito a um simples chamado meu?
Esse trecho foi reconstruído com o auxílio da memória, mas relata substancialmente a resposta de Ford.
Houve um silêncio no tribunal. O promotor ficou de queixo caído e arregalou os olhos, surpreso; o juiz endireitou-se em sua cadeira e olhou fixo para Ford; muitos jurados como que despertaram e olharam em torno de si, como se tivessem presenciado uma explosão, o que não deixa de ser verdade, num certo sentido. Um pároco eminente, que estava presente, disse mais tarde que a cena lhe fizera lembrar aquela em que Jesus Cristo compareceu diante de Pilatos, exatamente depois de haver dado a sua famosa resposta à pergunta: "O que é a verdade?"
Assim também a resposta de Ford derrubou o que o interrogara.
Até então, o advogado se divertira bastante à custa de Ford, segundo imaginava, exibindo assim com habilidade os seus conhecimentos em comparação com o que julgava ser a ignorância de Ford a tantos assuntos.
Mas a última resposta o deixou mesmo sem graça.
Provou ao mesmo tempo, a todos que tinham inteligência para compreender, que a verdadeira educação significa desenvolvimento de espírito, e não uma mera coleção e classificação de conhecimentos.
Muito provavelmente, Ford não poderia citar o nome de todas as capitais dos estados americanos, mas podia haver reunido, como de fato reuniu, o "capital" com o qual pôs em movimento muitas rodas, em todos os estados da União.
Educação — não nos esqueçamos disso — consiste em poder obter tudo o que é necessário para atender às próprias necessidades, sem violar os direitos alheios. Ford se ajusta maravilhosamente a essa definição, conforme tentamos mostrar narrando esse incidente relacionado com a simples filosofia do conhecido milionário.


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